As geografias latino-americanas: diferentes territorialidades
Para Mauricio de Abreu... em seu novo território
O tema da XII Semana de Geografia e VII Encontro de Estudantes de Licenciatura em Geografia é um indicador da nova fase dos cursos de graduação e de pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da UNESP. É a fase da internacionalização que foi iniciada há alguns anos e que nesta Semana está representada também pela participação de cientistas de dois países latino-americanos e dois países europeus. Esta experiência tem proporcionado um rico intercambio de professores, alunos, pesquisas e publicações qualificando igualmente o conhecimento produzido nas geografias prudentinas.
Estar em Presidente Prudente e no mundo, afinal ninguém é universal longe do seu quintal, dizia Carlos Drummond de Andrade. As geografias produzidas na FCT são diversas como são diferentes os territórios e as territorialidades produzidas pelos povos e classes de nossa América Latina. As geografias latino-americanas têm produzido novos conhecimentos na conquista permanente da descolonização do pensamento europeu, criando uma essencial condição de autonomia intelectual. Esta condição é construída no diálogo com o pensamento do Norte, mas jamais de forma subalterna.
A descolonização do pensamento gera um território imaterial genuíno, que constrói identidades latino-americanas, que produzem suas territorialidades de liberdades, organizando os espaços em distintas formas com seus modos de fazer-se. Assim como, os capitais imperialistas continuam invadindo nossos territórios e matando nossa gente, produzindo territorialidades da dominação. Esta conflitualidade permanente é discutida por paradigmas interpretativos que buscam a impossível condição de explicar as realidades. Entre a consciência e a alienação vive a ideologia que pende ora para um lado e ora para outro lado, confundido os indecisos e corroborando as leituras da diversidade.
Os povos indígenas resistem há mais de cinco séculos, os camponeses e os moradores das cidades participam dessa persistência lutando cotidianamente pela emancipação. Os conflitos latino-americanos são territorialidades dos dignos no enfrentamento com a territorialidade dos objetos, das commodities que desterritorializam a vida, porque ao perder o território, perde-se todas as dimensões da vida. A desterritorialização não destrói só o sujeito, mas sua cultura, sua natureza, seu ambiente, seus saberes, seu tudo.
As geografias latino-americanas são construídas e construtoras de diferentes territorialidades. O campo e a cidade, as propriedades e os municípios, lugares e regiões, povos e classes, nações e corporações, crianças, mulheres e homens produzem seus espaços e territórios na territorialidade da vida, produzindo também as coisas que depois vamos chamar de geografias, que retiramos das realidades, das territorialidades. |